terça-feira, 6 de setembro de 2011

NÃO DESPERTEMOS O LEITOR

Os leitores são, por natureza, dorminhocos. Gostam de ler dormindo. Autor que os queira conservar não deve ministrar-lhes o mínimo susto. Apenas as eternas frases feitas. "A vida é um fardo" − isto, por exemplo, pode-se repetir sempre. E acrescentar impunemente: "disse Bias". Bias não faz mal a ninguém, como aliás os outros seis sábios da Grécia, pois todos os sete, como há vinte séculos já se queixava Plutarco, eram uns verdadeiros chatos. Isto para ele, Plutarco. Mas, para o grego comum da época, devia ser a delícia e a tábua de salvação das conversas.
Pois não é mesmo tão bom falar e pensar sem esforço? O lugar-comum é a base da sociedade, a sua política, a sua filosofia, a segurança das instituições. Ninguém é levado a sério com ideias originais.
Já não é a primeira vez, por exemplo, que um figurão qualquer declara em entrevista: "O Brasil não fugirá ao seu destino histórico!" O êxito da tirada, a julgar pelo destaque que lhe dá a imprensa, é sempre infalível, embora o leitor semidesperto possa desconfiar que isso não quer dizer coisa alguma, pois
nada foge ao seu destino histórico, seja um Império que desaba ou uma barata esmagada. (Mario Quintana. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2005. v. único. p. 275-276)

Atividade
Explorando o texto:

1.Defina, com suas palavras, um leitor dorminhoco.
Resp.: São aqueles leitores que leêm mas que não se atentam à mensagem a qual o autor quer passar. É um leitor disperso que não interpreta de forma crítica o que o texto diz.

2.Como você classificaria um leitor dorminhoco, um leitor semidesperto ou um leitor atento? Justifique
Leitor dorminhoco não interpreta o que lê, semidesperto se atém um pouco ao real sentido do texto e o leitor atento nada escapa às suas vistas, ele entende, interpreta e contexta criticamente os acontecimentos à sua volta.

3. Plutarco poderia se considerar um grego comum? Por quê?
4. Por que os sete sábios da Grécia deveriam ser a tábua de salvação das conversas?
5. Uma das técnicas da dissertação consiste na citação de um "argumento de autoridade", ou seja, o testemunho ou a citação de uma pessoa de competência reconhecida sobre determinado assunto. Como Mário Quintana ironiza essa técnica?
6. Caetano Veloso, na letra Sampa, afirma o seguinte: "A mente apavora o que ainda não mesmo velho". Que trecho do texto apresenta opinião semelhante?
7. Qual a diferença de postura entre o leitor dorminhoco, o leitor semidesperto e o leitor atentoem relação à frase: "o Brasil não fugirá ao seu destino histórico"?

Classificação do texto: Dissertativo.
Justificativa:


CURIOSIDADES!

PLUTARCO:

Plutarco, historiador e moralista grego que viveu entre os anos 50 a 120, volta ser editado no Brasil. Foi o maior biografo da Antiguidade Clássica, autor das "Vidas Paralelas". Obra famosa na cultura ocidental por conter relatos sobre as vidas de Alexandre, Julio César, o orador Demóstenes e o grande advogado e filósofo Cícero. É uma coleção de narrativas sobre figuras ilustres do mundo greco-romanos: imperadores, reis, príncipes, aristocratas, estadistas, oradores, generais, e conquistadores, que deixaram para sempre o seu nome nos anais da história

Plutarco – Vidas Paralelas. São Paulo: Editora Paumape, 1991, IV v.


OS SÁBIOS DA GRÉCIA:

Aos Sete Sábios da Grécia eram atribuídas grande quantidade de máximas e preceitos - sentenças proverbiais -, por todos conhecidas. Algumas eram tão famosas que foram inscritas no templo de Apolo em Delfos. A lista dos Sete sábios não foi sempre a mesma, mas a mais difundida, do tempo de Platão, é a seguinte: Tales de Mileto, Periandro de Corinto, Pítaco de Mitilene, Bias de Priene, Cleóbulo de Lindos, Sólon de Atenas e Quílon de Esparta.[1]
A história posiciona os Sete Sábios da Grécia (gr: οἱ ἑπτὰ σοφοί) no período da fundação das pólis, que pode ser traduzido por "cidade", termo que dá origem à palavra "política". Neste período (séculos VII e VI a.C.) desenvolve-se o conceito de política, tal qual a entendemos atualmente, como também as bases da cultura ocidental.
No parágrafo VII de sua obra República, de 51 a.C., Cícero escreve: "Os sete homens a quem os gregos chamaram de sábios foram todos versados na administração pública; e, realmente, em nada se aproxima tanto a virtude humana da divina como a fundação de novas nações ou a conservação daquelas já fundadas".

DISPONÍVEL: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sete_S%C3%A1bios_da_Gr%C3%A9cia




QUÊM FOI MÁRIO QUINTANA?




Mário Quintana era filho de Celso de Oliveira Quintana e de Virgínia de Miranda, fez as primeiras letras em sua cidade natal, mudando-se em 1919 para Porto Alegre, onde estudou no Colégio Militar, publicando ali suas primeiras produções literárias. Trabalhou para a Editora Globo, quando esta ainda era uma instituição eminentemente gaúcha, e depois na farmácia paterna.
Considerado o "poeta das coisas simples", com um estilo marcado pela ironia, pela profundidade e pela perfeição técnica, ele trabalhou como jornalista quase toda a sua vida. Traduziu mais de cento e trinta obras da literatura universal, entre elas Em Busca do Tempo Perdido de Marcel Proust, Mrs Dalloway de Virginia Woolf, e Palavras e Sangue, de Giovanni Papini.
Em 1953, Quintana trabalhou no jornal Correio do Povo, como colunista da página de cultura, que saía aos sábados, e em 1977 saiu do jornal.
Em 1940, ele lançou o seu primeiro livro de poesias, A Rua dos Cataventos, iniciando a sua carreira de poeta, escritor e autor infantil. Em 1966, foi publicada a sua Antologia Poética, com sessenta poemas, organizada por Rubem Braga e Paulo Mendes Campos, e lançada para comemorar seus sessenta anos de idade, sendo por esta razão o poeta saudado na Academia Brasileira de Letras por Augusto Meyer e Manuel Bandeira, que recita o poema Quintanares, de sua autoria, em homenagem ao colega gaúcho. No mesmo ano ganhou o Prêmio Fernando Chinaglia da União Brasileira de Escritores de melhor livro do ano. Em 1976, ao completar setenta anos, recebeu a medalha Negrinho do Pastoreio do governo do estado do Rio Grande do Sul. Em 1980 recebeu o prêmio Machado de Assis, da ABL, pelo conjunto da obra.

Mário Quintana não se casou nem teve filhos. Solitário, viveu grande parte da vida em hotéis: de 1968 a 1980, residiu no Hotel Majestic, no centro histórico de Porto Alegre, de onde foi despejado quando o jornal Correio do Povo encerrou temporariamente suas atividades, por problemas financeiros e Quintana, sem salário, deixou de pagar o aluguel do quarto. Na ocasião, o comentarista esportivo e ex-jogador da seleção Paulo Roberto Falcão cedeu a ele um dos quartos do Hotel Royal, de sua propriedade. A uma amiga que achou pequeno o quarto, Quintana disse: "Eu moro em mim mesmo. Não faz mal que o quarto seja pequeno. É bom, assim tenho menos lugares para perder as minhas coisas".
Essa mesma amiga, contratada para registrar em fotografia os oitenta anos de Quintana, conseguiu um apartamento no Porto Alegre Residence, um apart-hotel no centro de Porto Alegre, onde o poeta viveu até sua morte. Ao conhecer o espaço, ele se encantou: "Tem até cozinha!".
Em 1982, o prédio do Hotel Majestic, que fora considerado um marco arquitetônico de Porto Alegre, foi tombado. Em 1983, atendendo a pedidos dos fãs gaúchos do poeta, o governo estadual do Rio Grande do Sul adquiriu o imóvel e transformou-o em centro cultural, batizado como Casa de Cultura Mario Quintana. O quarto do poeta foi reconstruído em uma de suas salas, sob orientação da sobrinha-neta Elena Quintana, que foi secretária dele de 1979 a 1994, quando ele faleceu.
Segundo Mário, em entrevista dada a Edla Van Steen em 1979, seu nome foi registrado sem acento. Assim ele o usou por toda a vida.
Faleceu em 1994 em Porto Alegre. Encontra-se sepultado no Cemitério São Miguel e Almas em Porto Alegre.

DISPONÍVEL: http://www.releituras.com/mquintana_bio.asp

                                                         

5 comentários:

  1. Nesta aula iniciamos mais uma vez com uma rica leitura em classe do texto NÃO DESPERTEMOS O LEITOR de Mário Quintana, um texto dissertativo. Logo a prof Jacqueline propós uma atividade para um conhecimento maior texto através da interpretação.
    Encontrei um pouco de dificuldade, pois o texto apesar de ter um conteudo muito interessante, possui uma linguagem um pouco complicada, por isso fiz umas duas leituras para melhor compreender.
    Para mim este aprendizado foi muito construtivo, pois tive a oportunidade de conhecer a vida e mais uma obra do autor Mário Quintana, pesquisei também sobre os sete sábio da Grécia e Plutarco. A exploração do texto, me proporcionou um maior entendimento do texto, me despertando como leitora de forma crítica e reflexiva.

    POR Jaqueline Souza

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  2. Se não me engano este foi o ponta pé inicial para análise de textos.
    Aqui tivemos conhecimento dos tipos existentes de leitor. Muitas pessoas podem ler, mas não conseguem fazer uma crítica a respeito disso. Para esse tipo de leitor existe uma denominação que é o leitor dorminhoco, assim como ha aquele que não lhe escapa, considerado o leitor crítico.
    A partir daí podemos fazer uma reflexão e ver em qual posição estamos, se dorminhocos ou críticos.
    E você o que é, um dorminhoco ou crítico?
    3Por Samanta Dutra

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  3. não tem as respostas das questões para alguns que não intenderam seria bom ter

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  4. O que eu mais admiro nesse escritor é a simplicidade de sua pessoa, muito diferente dos escritores afetados de hoje em dia. Para mim, ele é uns dos melhores escritores de nosso país. E tenho como referência tanto como leitor, como escritor.

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